Meus Eus
Enquanto chovia na cidade crianças descalças corriam sobre as calçadas em busca de biqueiras para se refrescarem.
Aos sons de trovoadas e sob os efeitos de relâmpagos, que a todo tempo insistia a me fotografar, estava ali eu, que sutilmente Conversava com o meu eu...
Na verdade eram três eus!
O primeiro, era um comum, simples, honesto, mas que tinha fome.
O segundo, era um eu artista que não vivia. Apenas representava como se a vida fosse um faz de conta.
O terceiro, era um eu crítico que sonhava com mudanças, que detestava politicagem, zombava dos feios e adorava crianças.
Entender os três era quase impossível, era como tentar entender as galáxias.
Mas, tente imaginar.
Nesse momento eu falo com o meu primeiro eu, mostro pra ele as coisas do mundo as ruindades do homem a ausência de sua compreensão com as crianças que muito em breve salvarão esta nação.
A falta de amor ao seu próximo, o enriquecimento ilícito de poucos, a miséria de muitos, e a covardia das leis da terra, a falta de planejamento familiar e o índice desenfreado da mortalidade infantil. Sabe caro leitor?
Vivendo o primeiro eu o meu sofrimento é maior, muito maior.
É como se eu não usasse armadura em uma temível guerra sangrenta!
Já o meu segundo eu, é um artista que vive de poesia, em tudo que olha vê beleza compra sonhos, canta sofrimento alegra-se com a tristeza beija as garotas e canta pros pássaros...
Vive não para mim e sim pros expectadores e ao final desta trágica comédia Morre em cena.
Agora falo com propriedade do meu terceiro eu, esse é complicado, mas...
O meu terceiro eu, reprova a falta de escola, o trabalho infantil e o desrespeito com os mais humildes, muito embora sinta a ausência da justiça dos homens, esperançoso acha que tudo um dia vai dar certo.
O mesmo calça crianças, banha todas com água tratada, dá comida quente, agasalha com carinho, conta história e as botam pra dormir, não se contentando procura suas famílias mesmo em noites chuvosas. E como se não bastasse para o carro no caminho, dança feliz com os sons de trovoadas e faz pose para que os relâmpagos o fotografem.
Enoja-se com a sebosa politicagem brasileira, zomba dos feios (os ladrões de luxo) e sensibiliza deus por saber que um dia o próprio o fez criança.
Múcio Vicente
Mucio, bom dia.
ResponderExcluirQuero pabenizá-lo pelo excelente texto.
Serve para que possamos fazer uma reflexão, dos caminhos que seguimos na nossa busca por uma luz maior!!!
Abraços de
, Jadson.
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluir