“Viva, viva, viva a sociedade alternativa.” Menos, Raul, menos! A gente sabe, e você sabia muito bem que isso é uma utopia. Seria como a democracia conquistada ao longo de tantos anos. Uma vez que se consegue, é preciso saber administrar. Há poucos dias eu estava comentando com um amigo meu do que seria da nossa gente, da nossa cultura, não fossem esses eventos alternativos que fazemos de vez em quando aqui em nossa cidade. “Na marra”. Como se diz no popular. Nesse perfil se encaixa o projeto Boca da Noite, idealizado por Múcio Vicente e sua turma. O que aconteceu nesse domingo, 30 de maio, foi a 7ª edição. E para mim foi a primeira que prestigiei, sou réu confesso. E Múcio sabe disso. E te digo, cara, não pretendo perder mais nenhum.
Múcio Vicente fazendo a abertura do encontro
Pelo título bem sugestivo, imaginei que fielmente aconteceria na “boquinha da noite” e por isso mesmo às 17h30 eu já estava lá. Encontrei a turma em fase de arrumação da estrutura. Como eu estava bastante cansado, vindo de uma maratona de festas nesse final de semana: 3º Encontro nos Embalos da Jovem Guarda, na sexta-feira, e III Tributo a Bob Marley, no sábado, eventos que fiz questão de comparecer a todos, então resolvi voltar pra casa e dar um tempo, só então retornar ao local. Às 18h30, sou meio detalhista, e as vezes “britânico” também, eu já estava de volta a praça das Cinco Bocas. Mas ainda não havia começado. Sobre isso brinquei com Múcio depois. Mas eu entendo muito bem o que é se preparar um evento. O corre-corre, os imprevistos... Pouco depois chega o “chefão”, não numa limusine, mas em sua bicicleta, e aí a coisa engrena.
Grupo de Teatro do bairro Nova Descoberta
A abertura do evento ficou a cargo de um grupo de teatro do bairro de Nova Descoberta, que executou alguns números de dança com coreografia ao som de sucessos do momento, inclusive o “rebolation” (por que me persegues?!).
Mizael Neto
Na seqüência Mizael Neto, músico que vem se destacando nesse cenário em nossa cidade, deu um show de interpretação dos mais variados estilos musicais. Do pop rock a MPB, e nas canções românticas o cara mandou muito bem, mostrando muita segurança. Seguiu-se a maratona musical com a apresentação do também eclético Fabiano.
Fabiano
As apresentações eram sempre intercaladas com sorteio de brindes para as mães alí presentes.
Entrega dos brindes
Para coroar a festa, a estrela da nossa canção, Didé Rodrigues, cantora cearamirinense que já tem um CD gravado com clássicos da MPB, chegou e de cara já mostrou a belíssima balada “Onde Deus Possa Me Ouvir”, do músico mineiro Vander Lee (que agora em junho estará em Natal, no TAM, para o Projeto Seis e Meia).
Didé Rodrigues
Pois é. “Onde Deus Possa Me Ouvir”, mesmo não sendo intencional, pareceu um recado, ou quem sabe um apelo. No alto da praça das Cinco Bocas, sentindo o “cheiro do povo”, coisa tão necessária para a classe artística e outros segmentos da sociedade (a política, por exemplo), sentindo-se talvez bem mais perto de Deus, é muito mais provável que Ele possa ouvir a mensagem.
Músicos que acompanham a cantora
Didé, com seus fiéis escudeiros, ainda cantou muitas outras pérolas da MPB, sempre de modo brilhante e intimista, fazendo o povo “chegar junto” e cantar com ela.
Temas de novelas não há como não despertar no público a veia de cantor de cada um, mesmo que seja em momentos muito especiais como aquele.
Palhaço Tito
E para alegria de todos, principalmente das crianças que, sem sombra de dúvida tinha mais de quinhentas alí, aquele que (embora combinado) foi anunciado que havia se retirado do local, aparece no meio da platéia com as suas travessuras, contagiando a todos e pondo mais alegria na festa. O palhaço Tito em carne, osso e muita... muita simpatia.
Vovô, sempre em ação
Para encerrar, uma boa batucada dos alunos do professor “Vovô”, mostrando a magia da percussão.
Artistas da terra "mostrando serviço"
Pois é, meu camarada. Sou uma pessoa comum, porém amante da arte e dessas manifestações populares. Motivo pelo qual tenho feito o possível para participar, ou pelo menos prestigiar todos esses eventos que envolvam arte e cultura. Faço isso de coração e por paixão. Há quem precise fazer o mesmo, até por uma questão de, aí sim, obrigação. Tudo passa muito depressa e pode não haver mais tempo de se fazer algo por essa gente. É preciso comparecer para “aparecer”.
Mas ainda resta uma esperança quando a gente vê, como a Didé comentou, “o artista se manifestando e buscando a ajuda de outros artistas para ver a coisa acontecer."
E como diz a letra da canção daqueles mineiros do Clube da Esquina: “os sonhos não envelhecem.” Ainda bem que os sonhos não tem prazo de validade, porém os discursos sim, esses com o tempo passam não mais a surtir efeito. Pode não parecer, mas cultura é coisa muito séria. Não é, palhaço Tito? Até a próxima!
Crédito das fotografias: Eliel Silva
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