segunda-feira, janeiro 18, 2010

A nossa cultura está desaparecendo...




Hoje visitei o mestre Luiz de Júlia, achei linda a lucidez, a alegria de viver, as brincadeiras, afinal de contas o mestre não mudou em nada, com exceção dos problemas de saúde que o mesmo vem sofrendo, visivelmente ele sofre um pouco da visão e tem uma voz de difícil entendimento, mas brinca, canta e reafirma que se alguém quiser homenageá-lo que faça em vida, pois quando morto não terá o prazer de gozar desse reconhecimento.


O mestre lembrou-se do meu pai (Parú) do diretor de Teatro, Jadson Queirós, Beiju, Chico Campos, Zé Luiz, Tenente Djalma, Manoel Américo, Amarildo, Beruê e outros.

Quando perguntei sobre as serenatas, respondeu-me:

“As 23h00min o motor parava e as luzes se apagavam, e só acendia no outro dia a boquinha da noite, então quando apagava tudo agente saia fazendo serenata, eu andava com um borná e dentro tinha de tudo; a bebida e a parede. Agente chegava à frente da casa daquela pessoa, botava uma toalha no chão e sobre ela um candeeiro a bebida e a parede e cantava ao som de um afinado violão, mas num demorava muito não, era uns 15 minutos e já ia pra outro canto” Comenta




Mestre Luiz de Júlia deu várias gargalhadas junto comigo e por fim,
interpretou uma composição de sua autoria:

A velhice é uma prostituta covarde

Fui moço fiz o que quis,

Gozei a mocidade,

Fui muito feliz,

Sempre olhando pra frente,

Não sabia de mim,

Se atrás vinha gente.

O tempo foi se passando,

Eu pensava que a vida era assim,

Quando olhei notei

Que a velhice estava bem

Perto de mim. (Safada, covarde...)



“O homem era pra ter cem anos de idade e cinqüenta de vigor”



A velhice chegou a minha casa,

Eu abri a porta ela entrou, (abraço de Tamanduá)

Abraçou-se comigo na hora,

E mandou que a mocidade

Fosse embora.

A mocidade despediu-se de mim,

Deu adeus e saiu mundo a fora,

Eu fiquei com o início do fim

E a bichinha disse ao ir embora,

Ei, ei; fique com sua velhice,

Que ela vai te ensinar o que é caduquice. (Luiz de Júlia)



Frase do mestre:

“Quem quer sossego não procura onda”




3 comentários:

  1. Adorei!!!

    Mucio vc está de parabéns!!!
    Poucas pessoas conseguiram descrever tão bem meu avô!!!Seus pensamentos, suas poesias, suas saudades... vc estava presente a uma figura viva do passado que ainda lamenta muito os amigos que se foram naum sabe o qto o deixou feliz pq o q ele mais adora e falar do tempo de um ceará mirim q ja se foi e q ele viveu intensamente!!

    Bjos!!! Te admiro muito!!!

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  2. Ei amigo!!!!! Show essa entrevista com o Sr Luiz. Cara adorei!!! Além de um excelente ator e diretor, você também é jornalista.
    Parabéns!!!!!!!!!!!
    Euds Martineri

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  3. prezado amigo venho atraves deste comentario
    lhe parabénizar por usa iniciativa de lembra
    destes quem são vedadeiros tesouros de ceará mirim esta cidade precisa de mais pessoas como o senho lioz de julha etevaldo que tanto fizeram por esta cidade e hoje estão esquecidos pelo tempo e por falta de iniciativa


    abraço

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