A nossa cultura está desaparecendo...
Hoje visitei o mestre Luiz de Júlia, achei linda a lucidez, a alegria de viver, as brincadeiras, afinal de contas o mestre não mudou em nada, com exceção dos problemas de saúde que o mesmo vem sofrendo, visivelmente ele sofre um pouco da visão e tem uma voz de difícil entendimento, mas brinca, canta e reafirma que se alguém quiser homenageá-lo que faça em vida, pois quando morto não terá o prazer de gozar desse reconhecimento.
O mestre lembrou-se do meu pai (Parú) do diretor de Teatro, Jadson Queirós, Beiju, Chico Campos, Zé Luiz, Tenente Djalma, Manoel Américo, Amarildo, Beruê e outros.
Quando perguntei sobre as serenatas, respondeu-me:
“As 23h00min o motor parava e as luzes se apagavam, e só acendia no outro dia a boquinha da noite, então quando apagava tudo agente saia fazendo serenata, eu andava com um borná e dentro tinha de tudo; a bebida e a parede. Agente chegava à frente da casa daquela pessoa, botava uma toalha no chão e sobre ela um candeeiro a bebida e a parede e cantava ao som de um afinado violão, mas num demorava muito não, era uns 15 minutos e já ia pra outro canto” Comenta
Mestre Luiz de Júlia deu várias gargalhadas junto comigo e por fim,
interpretou uma composição de sua autoria:
A velhice é uma prostituta covarde
Fui moço fiz o que quis,
Gozei a mocidade,
Fui muito feliz,
Sempre olhando pra frente,
Não sabia de mim,
Se atrás vinha gente.
O tempo foi se passando,
Eu pensava que a vida era assim,
Quando olhei notei
Que a velhice estava bem
Perto de mim. (Safada, covarde...)
“O homem era pra ter cem anos de idade e cinqüenta de vigor”
A velhice chegou a minha casa,
Eu abri a porta ela entrou, (abraço de Tamanduá)
Abraçou-se comigo na hora,
E mandou que a mocidade
Fosse embora.
A mocidade despediu-se de mim,
Deu adeus e saiu mundo a fora,
Eu fiquei com o início do fim
E a bichinha disse ao ir embora,
Ei, ei; fique com sua velhice,
Que ela vai te ensinar o que é caduquice. (Luiz de Júlia)
Frase do mestre:
“Quem quer sossego não procura onda”
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