terça-feira, julho 13, 2010

Matéria publicada no Blog Grande Ponto

Guaraci Gabriel abre exosição “Ego Ser Vir” na Galeria Newton Navarro

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A Galeria Newton Navarro, localizada na Capitania das Arte, receberá na próxima sexta-feira, a exposição “Ego Ser Vir” do artista plástico Guaraci Gabriel. A exposição é composta por esculturas, painéis e instalações.

A exposição foi criada a partir de uma Litografia de Maurits Cornelis Escher (artista gráfico holandês conhecido pelas suas xilogravuras, litografias e meios-tons), intitulada “Mão com Esfera Refletora”. A exposição terá com destaque um vídeo-instalação, que terá a participação de quatro artistas convidados: Dorian Gray, Roberto Medeiros, Renato Soares (Design Gráfico) e Geraldo Cavalcanti (Roteirista e Diretor de Cinema).

A instalação é o encontro dos quatro artistas potiguares com o artista holandês Maurits Cornelis Escher. Durante a abertura haverá a participação da curadora da Bienal de Cuba, Ibis Hernandez, que irá falar sobre a participação do artista plástico Guaraci Gabriel nas Bienais de Havana. A solenidade acontece no dia 16, a partir das 20h. As visitações podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.

O funcionário do Grande Ponto fez uma entrevista exclusiva com o artista plástico Guaraci Gabriel:

- Como foi concebida o "Portal do Tempo", obra premiada no Salão Abraham Palatnik?
Guaraci Gabriel - É uma ponte transcontinental, uma imagem de Natal a partir do discurso de Manoel Dantas, em 1909, de como seria a cidade em 1959. O trabalho foi produzido em parceria com o webdesigner Franklin Cledson, que construiu o cenário imaginado por Manoel Dantas.
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- Qual a mensagem que a obra transmite?
A obra desenha uma cidade futurista que imagina uma estrada de ferro transcontinental que vai de Londres a Natal, passando pelo Canal da Mancha, Europa, Norte da Ásia, atravessa o estreito de Bering, corta a América do Norte, galga o cimo dos Andes, desce pelos campos gerais do Mato Grosso, segue o Vale do São Francisco pela cachoeira de Paulo Afonso, uma fantasmagoria de miríades de lâmpadas elétricas, e vem terminar em Natal, na estação monumental da praça Augusto Severo. Através da tecnologia, crio um diálogo entre o passado, o futuro do passado, que nunca existiu, e o tempo presente nesse passado inexistente. A obra está instalada no Palácio da Cultura, edificação que abrigou a conferência de Manoel Dantas e hoje hospeda a obra e o Salão Abraham Palatnik.

- Qual a importância desse prêmio na sua carreira?
Um prêmio é sempre um reconhecimento do trabalho realizado. Já tinha sido premiado em outras bienais, mas em Natal é a primeira vez e tem uma importância muito grande. Há mais de 20 anos eu trabalho com arte em Natal e nunca tinha sido reconhecido com um prêmio desse porte.

- Quais são suas perspectivas com esse prêmio?O prêmio é muito bom. Mas, ele deveria vir em forma de bolsa de estudo para eu estudar arte, já que nós não temos uma Escola de Belas Artes. Nas viagens internacionais que faço para participar em bienais e exposição de artes, todos os artistas estudaram Belas Artes, menos eu porque nós não temos uma escola similar. As artes plásticas potiguares estão muito longe de uma realidade contextual, mas a cada dia estamos nos aproximando dela. Também gostaria que esses prêmios fossem mais espacial, retirando dos primeiros lugares. Seria melhor da forma que todos que fossem classificados, ganhassem prêmios, sem a preocupação do 1º ou 2º lugar. Ser o primeiro lugar me deixa um pouco constrangido porque os outros artistas têm seus trabalhos no limite deles e são os melhores trabalhos deles.
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- Você trabalha há mais de 20 anos com arte usando grandes estruturas de ferro-velho. O trabalho do Salão Abraham Palatnik é sua primeira obra que agrega as novas tecnologias?Aliar tecnologia e arte é o mesmo que aliar tecnologia à vida. Temos que acompanhar esse processo. O homem vive num processo de desconstrução. E essa é a proposta da criação de uma nova vida.
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- Como você concebe sua arte e como é o momento da criação?Imagine uma maçã. Você come a maçã, mata sua necessidade e seu desejo de comê-la, digere e ela vira merda. É o mesmo com minha arte. O prazer é ter a idéia, executar a idéia, mas quando ela fica pronta eu já não quero mais saber. O trabalho que eu mais gosto é o próximo.
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- Sua última intervenção artística em Mossoró, tratava-se da obra "Boca da Noite", onde você utilizou dois Fuscas, um representando a Câmara e o outro o Senado, um garfo e uma faca, simbolizando a comida ou a falta dela, e espetou um carro da marca Brasília no alto. Qual foi sua intenção com essa obra?Quis retratar a fome do mundo, a fome do Brasil e a Fome Zero. Esse trabalho ganhou as páginas de revistas nacionais, divulgando meu trabalho para o Brasil e ao mesmo tempo difundia a cidade de Mossoró também.
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- Você está planejando uma nova instalação gigantesca em Mossoró. Como será essa nova manifestação artística?Esse é um projeto que estou fazendo exclusivamente para Mossoró e já estou há três anos elaborando esse trabalho. O nome da obra será "Sinal de Alerta", que será composta de um triângulo com 40 metros de altura e no centro terá um sino dos ventos, com seu pêndulo uma sucata de ônibus, que vai balançar com o vento e fazer um som. Essa obra deve ser instalada a uma determinada distância de residências. Ainda estamos ajustando o projeto com um calculista e depois vou apresentar o projeto em busca de parceria que possa viabilizar a obra. Espero que no próximo ano, os mossoroenses possam ver essa obra.
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- Onde e como ocorrerá seu próximo trabalho?
Meu próximo trabalho será na Bienal de São Paulo, onde vou colocar uma televisão. Em cima dela, uma câmera dessas de vigilância que vai ficar rodando. Vou colocar uma mensagem bem grande: 'Sorria! Você não existe!'. Na televisão, vai ter a imagem da sala filmada, só que não vai aparecer a pessoa que olhar à TV. Vou gravar um dia inteiro antes, sem ninguém e colocar na TV.

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